Por que eu escrevo?

Tenho me feito a mesma pergunta há alguns anos. Como a maioria das pessoas, comecei a escrever após minha primeira desilusão, aquela que marcou tão fundo que eu cheguei a pensar que jamais superaria.Tentei me entregar a outras coisas, outras pessoas, outros projetos. Cada um se agarra ao que pode, alguns se afogam em álcool, outros em sexo, e muitos em terapias ou trabalhos puxados, horas seguidas de estudo diário, talvez. Eu me afoguei nas palavras.
Tenho 21 anos de idade, e isso não quer dizer que eu já tenha aprendido a lidar com certos sentimentos grandiosos. Aos 15, quando descobri o poder das palavras, pude aliviar boa parte do peso de amar sozinha o que deveria ser um amor distribuído entre duas partes. A partir de então, não quero mais viver sem distribuir minha vida em crônicas ou contos com palavras bonitinhas, clichês e verdade implícita. Hoje, muito mais do que antes, preciso das palavras.
Amar é estar muito lotado de coisas boas. Tão lotado que, as vezes, torna-se preciso esvaziar-se um pouco para não ser sufocado pela força dos próprios sentimentos. Ou, ainda, amar pode ser um eterno boiar em um oceano profundo e perigoso. Podemos estar leves e continuar na superfície, mas quando as decepções começam a pesar nos nossos ombros, é preciso lançá-las para longe antes que nos façam afundar. A parte mais difícil é quando as decepções nos afundam. Aí, meu caro leitor, precisamos encontrar um jeito de emergir. Precisamos aprender a tratar as coisas ruins até que fiquem boas, puras, inofensivas. Foi o que aprendi com as palavras. 
Tentar emergir ao descrever meus sentimentos com palavras tem sido um desafio gostoso ao longo dos anos. Não são apenas contos e crônicas, são pequenos pedaços de mim que emergem a cada segundo. Preciso encontrar a superfície, e espero conseguir através deste blog. Mais um blog de textos. Mais um blog onde, através das palavras, alguém tenta se libertar da dor que guarda no coração.
Caro leitor, espero que possa compreender a beleza das palavras retiradas de um profundo oceano: Meus sentimentos. 
Espero que minhas ondas não te afundem. Caso o façam, pegue todas as palavras de dentro do seu coração, e nade para a superfície. 
Eu te encontro lá em cima. Estou emergindo


Maria Júlia Queiroz, 01 de Fevereiro de 2016